- Foi muito bom te reencontrar. Precisávamos conversar, depois de tanto tempo. Estava com saudades! – Disse ele com um grande e empolgado sorriso.
- Digo o mesmo, nunca me esqueci de você… Você faz muita falta pra mim. – Eu disse meio envergonhada, um pouco desconfortável, mas me sentido bem.
- Também sinto falta daquele tempo, a nossa amizade é muito importante. Mas infelizmente tenho que ir agora, a gente se encontra de novo, certo?
- Mas é claro! Sempre que você puder.
- Eu te aviso! Tchau…
Então, era a hora da despedida. A terrível, a amarga despedida. O coração acelera, a garganta engole a seco, e uma respiração profunda acompanha aquela dor repentina no peito. Ambos um pouco deprimidos, misturando as emoções de se encontrar e se despedir. Eu o abracei, ele retribuiu. Apertei-o tão forte contra si, procurando encontrar refúgio aos meus sentimentos, ao meu desejo incontrolável de querer estar sempre perto. Respiro fundo, sinto seu perfume. Aquele perfume, tão bom. Era diferente, suave, gostoso. O cheiro que me trazia à memória os melhores momentos, as mais doces lembranças de uma época cheia de novidades, de esperanças, de tentativas.
Uma sensação estranha dentro de mim, um aperto no coração. Uma vontade de voltar no tempo, de trazer tudo o que eu possuía de volta. O que eu possuía e poderia conquistar, mas deixei passar. E voltam meus pensamentos de nostalgia, e de pensar no que poderia ter acontecido se eu tivesse feito diferente. Agora havia um nó em minha garanta. Aquele nó que sufoca toda a vontade e chorar desesperadamente. Meus olhos brilhavam, queriam lacrimejar. Mas eu segurei, e passei por cima da vontade tentando corrigir os meus erros passados. Erros enterrados. Eu devia ter tentado mais, eu não devia agir tão depressa, eu não devia ter ficado parada. Como se fosse adiantar, agora não há mais tempo. Agora não é tempo para isso.
Pois é, tempo. Aquele considerado o “curador” das angústias, o melhor remédio para um coração com sentimentos feridos. Uma grande mentira, ele não passa de uma simples contagem. Um assassino do delicioso prazer de viver o presente. Um ladrão de lembranças, que rouba os seus melhores momentos, os transformando em passado. Eu sinto ódio do tempo. Daquele que me deixou e ficou pra traz, que poderia ter sido diferente. Eu sinto ódio dessa mudança. Eu sinto ódio de mim.
Meus braços não queriam soltá-lo. Em meus pensamentos, não queria perde-lo. Meus desejos, o queriam por perto. E eu, o queria comigo. Soltamo-nos daquele longo abraço, ele olhou nos meus olhos e sorriu. Ele estava feliz. Gostava de sua nova vida. Não precisava de mim do mesmo jeito que eu precisava dele. Ou talvez precisasse e não soubesse. Talvez, eu poderia fazer alguma coisa Algo que compensasse as chances perdidas, que me desse mais uma chance de tentar. Nunca é tarde. Sempre há uma esperança. Pensei em algo a dizer, nada. Pensei em algo a fazer, nada. Um momento de desespero, e algumas palavras mal formadas em mente. Então tentei dizer:
- Eu tenho que… – No mesmo momento ele começou a falar.
- Tenho que vê-la.
- Como?
- Ela.
- A é, ela? Ainda estão juntos? Que legal! – pronunciei fingindo estar empolgada.
- No começo eu também não achei que ficaríamos juntos mesmo com essa distância. Mas o que é nosso vai estar com a gente independente das barreiras que impeçam. Concorda?
- Tem toda a razão. Então vai encontrá-la. Deve estar contando as horas pra te ver.
- Eu vou. Mas você estava para dizer algo, não estava?
- Ah. Nada demais, só queria dizer que eu precisava entrar. Tenho um trabalho a terminar. Então, até a próxima!
- Até, espero que não demore.
Um ligeiro abraço com um beijo no rosto e ele sai com passos rápidos em direção àquela rua sem fim. E eu fiquei ali, imobilizada, olhando ele partir. Respirei fundo e disse em voz baixa:
- Você é o único que pode me fazer tão bem… Posso ver claramente agora.
Nada mais a se fazer. A não ser seguir em frente. A vida continua, erros acontecem. Mas talvez algum dia ele saiba o que eu acabei de dizer, e sinta isso também. Não agora, mas esse dia vai chegar. Afinal, como ele disse: “O que é nosso vai estar com a gente independente das barreiras que impeçam”.
Escrito por M.